segunda-feira, 30 de junho de 2008

Loba...




Sou a filha bastarda do Lobo e da Lua...
O Lobo seduziu a Lua com seu uivo,
Que embrenhou durante a noite,
E traiu o Sol.
Gerou essa mulher loba.
E me jorra ao mundo com dor...
Com corpo de mulher,
E alma de lobo.
Chego à terra fértil faminta,
Desperto,
E apuro meu faro e meu paladar...
Vou à caça de presas belas e fáceis,
Rasgo as roupas,
Mordo a carne,
Devoro os seios, possuo a boca,
Lambo o sumo das estranhas,
Que escorrem em minhas garras,
Sacio-me do corpo,
Lavo-me no gozo,
E adormeço extasiada,
Metade mulher, maldito lobo...
E a Lua gelada e envergonhada,
Do fruto hibrido do seu pecado,
Esconde-se na alvorada.
E surge o Sol...
Furioso e Traído.
Que me dissolve,
Com sua língua de fogo.
Lambendo-me
Pés, pernas, sexo, entranhas...
E meu abdômen hibrido e seco,
Sugando-me os seios,
E possuindo-me a boca.
E me faz parte Dele,
Estou em seu âmago,
E meu sangue é o tom alaranjado do seu corpo.
Eis a sua vingança.
Apossa-se da filha bastarda do Lobo e da Lua,
Todas as manhãs,
E toda a noite me joga por terra...
Condenando-me a minha saga maldita...
De carne e de sangue.
Envergonhando minha mãe Lua.

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Fonte:http://recantodasletras.uol.com.br/poesiassurrealistas/1059282

Prisioneira




Encarcerou o sentimento,
A prisioneira sou eu...
Sou eu quem afunda em pecados,
Eu que me vejo em prato descartável,
Com paixões tão descartáveis quanto.

Encarcerou o sentimento,
A criminosa sou eu...
Tenho sede do sangue, sou faminta da carne.
Recebo amor em bandeja de ouro,
E com descaso os devolvo.


Encarcerou o sentimento,
Quem definha sou eu...
Assisto da janela da existência,
Os amores que não posso ter...
E as faces sorrindo, do meu tormento.

Encarcerou o sentimento,
Quem paga à pena sou eu...
Alteraram e poluíram minhas profundezas,
Estranham minha superfície,
Desconheço meu eu...


Todos os direitos reservados.
Fonte:http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1059291

sábado, 28 de junho de 2008

Espera


Espera...
Entrega, silêncio, vazio, solidão...

Espera...
Ânsia, procura, frio, paixão...

Espera...
Um nome, um gesto, um abraço, atenção...

Espera...
De um anjo, de um sonho, de um homem, redenção...

Espera...
Do seu beijo, do seu corpo, do seu desejo, sedução...

Espera...
De corpo, de alma, dos versos, doação...

Espera...
Do Adamah, de Adamah, com Adamah, devoção...

Poema dedicado a Antônio Soares (Adamah)
Todos os direitos reservados.

Anjo Negro


Um anjo torto, caído e negro...
Ferido, marcado, sangrento,
Pecado, pecados, pecado e lamento...

Um anjo torto, caído e negro...
Fraco, fracassado, com medo,
Amaldiçoado, maldito e nublado...

Um anjo torto, caído e negro...
Mortalizado, materializado, sedento,
Punido, julgado e preso...

Um anjo torto, caído e negro...
Expulso, despejado, sem direitos,
Renegado, rejeitado e seco...

Um anjo torto, caído e negro...
Sou eu, só eu, eu mesmo.
Sozinho, esquecido e querendo.

Todos os direitos reservados.
Fonte: http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1054258

Amor, Dor, enfim Esperança



Dor:
Canto a morte em sua ronda eterna,
Quando me embalo no balsamo maldito.

Amor:
Danço amor de pele nua,
Como quem baila em delírios.

Dor:
Não verei nada senão o salão ao final, deserto...
E minhas pernas tremulam de frio.

Amor:
Ao vazio preencho com meu ruído,
Ao frio me trago em vestias de Sol intenso.

Dor:
Sou filha das lágrimas...
A noite é meu guia.

Amor:
Então és irmã da alegria...
À noite te guia, sim te guia.
Mas quem te ilumina é a Lua.
E eu estarei em ti até nessa hora
Pois sendo Sol, tenho por minha esposa a Lua.

Dor:
Não tires o que de mim já me pertence...
O coração é inaudível aos seus cantos,
Mas convém aos meus lamentos...
Sou a rainha que tudo finda...:

Amor:
Nada tiro, tudo levo,
Nada nego.
Modifico, toco, trago e me apego...
Se lamentos deseja...
Então aos seus me uno, não tiro o som, somente os mudo.
Se de fato és rainha,
Então me prostro súdito.
Mas dos meus impostos... arrecadará não só meus frutos,
Carregarás em sua coroa
Meus amores, miúdos, miúdos.

Dor:
E o verdadeiro vilão, pois o mundo é cruel,
Mórbido e inconstante.
Tua inocência traz a todos a desculpa...
E no final só lamento aos meus braços...
Renego ti!

Amor:

Nesse mundo de crueldade,
De moços e vilões,
De morbidez e inconstância,
A inocência e o perdão
Nada, nada mais são do que nomes de danças.
Se o lamento está em seus braços...
Conduza como deves.
Invada seu espaço, possua seu corpo,
O mira no profundo do seu olhar:
E eu dançarei ao redor, com a felicidade...
Mas nada tema oh! Dor:
Porque ao final do baile
Serão somente seus meus ardentes lábios.

Dor:
Escute o penar ao longe
Meu delírio é constante
Pois vem de mim meu filho rancor...
Dançaremos então nesse baile de mascaras.

Amor:
Oh! Dor desvairada! O que foste tu fazer?
Avisei-te para que não desses ouvidos a mentira,
Rolou nas dunas da loucura...
E embrenhastes como um animal no cio,
Agora me apresenta o seu rebento.
Assim seja minha amada!
Assumirei o seu pecado...
O embalarei durante a noite,
Mas o rancor carregará também meu nome,
Será Rancor de Amor Perdoado...

Dor:
Nunca fui somente dor,
Já vi ao menos um dia a alvorada e seu entardecer...
Es minha sina te digo...
Suportar o que ao mundo não convém.

Amor:
Já basta de sandices!
O mundo nada nos traz...
No mundo nós criamos,
O que queremos buscamos.
Calo teus lábios dolorosos,
Tomo posse do seu todo,
Possuo-te,
Possuo-te,
E te consumo...
Afinal minha Dor, sou tua cura!
É do meu gozo fértil,
Que te banhas e se deita plena...
Sussurrando que ao Amor,
Somente a ele, entrega-se.

Dor:
Tome de mim oque ainda é humano...
Torne-me seu cálice...
E te direi... Em um sussurro breve:
Que um dia já fui tua...
E hoje aqui me encontro.
Um astro doido a boiar,
Pela ânsia de te mirar em outros mundos...
Querer-te e te querendo... Tornei-me o que me banha sempre...

Amor:
Ah! Buscas-me tão distante...
Quando me encontro em Ti,
"verás-me em todos os olhares, ouvir-me-ás de todos os lábios"
Dor repousas agora...
Seu Amor vela por ti.


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fonte http://recantodasletras.uol.com.br/duetos/1046644
Outras publicações:http://tonydiablo.blogspot.com/



Por Antônio Soares - O Aprendiz(Dor) Princesa Lara(Amor)


(Ao meu amado Adamah que me habita, me purifica e me inspira)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Quero








Quero hidratar minha pele com a sua saliva,
Quero calar meus lábios com a sua lingua,
Quero vestir-me com seu corpo,
Quero adormecer nos seus sonhos.
Quero me aquecer nos seus desejos,
Quero estremecer com seus medos,
Quero aspirar o seu aroma,
Quero o sabor da sua boca.
Quero gemer seus sussurros,
Quero ultrapassar seus muros,
Quero arder na sua pele em brasa,
Quero me arranhar nas suas garras.
Quero ser, quero estar, me embriagar,
Quero correr, quero gritar, me agarrar,
Quero mais, quero muito e quero tanto,
Quero agora, quero apenas, quero já.
Te querer


Princesa Lara


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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Um olhar distante


A distançia nos faz areias do tempo.
Escoando dolorosos e lentos...
Prisioneiros das paredes de vidro das nossas ânsias.
É preciso nos deixarmos escorrer grão a grão,
até nos findarmos mesclados,
para a poderosa mão do destino,
virar a ampulheta de nossas vidas e recomeçarmos


Ao meu amado que esta tão longe e vive em mim...

Princesa Lara
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