quinta-feira, 12 de março de 2009

E fez-se o homem...


Freqüentemente sento-me nas margens da imaginação, nessa vastidão de águas das idéias, visualizo o que não consigo concretizar aos passantes, diante de suas mãos.
Certo dia ocorreu-me uma imagem Divinal, vi um lindo bebê no ápice do seu sorriso, instantaneamente formou-se em meu consciente imaginativo o ato da Criação em si...
Vislumbrei o Eterno no alto do Paraíso, compenetrado, porém com Seu terno sorriso, dando forma e vida a mais um filho.

Da argila Sagrada de Suas Mãos modelou pernas, pés, braços, tronco, cabeça e traços... Tudo na simetria assimétrica do amor incondicional.
Encantei-me particularmente quando Ele pôs-se a finalizar sua obra e no topo do corpo colocou a mente, para que de lá a razão comandasse os pés, pernas, braços e lábios, enfim um corpo inteiro...
Logo abaixo, plantou no rosto os olhos, plantou-os em par e propositadamente no alto, para que enxergassem o máximo possível e para que no “tira-teima” da vista, um fiscalizasse o que realmente via o outro.
Descendo um pouco mais, Ele deu o sopro da vida, soprou nas narinas o aroma das essências da existência.
Na mesma altura, fixou as orelhas, em par novamente, para que ao ouvir processassem na mente, ponderando o que cada uma escutou na nitidez da razão.
Abaixo de todos os traços citados, Ele inseriu a boca, não menos importante, pois uma vez mais Sobrou a vida, mas ao invés de odor, atribuiu o sabor. E através dos lábios ensinou-o a ingerir o alimento, que alimenta a carne e fortalece o espírito, pois é fato que nos foge o juízo e o amor ao próximo torna-se fugaz quando temos o estomago comprimido.
E ligou nossos lábios ao nosso coração que tem seus batimentos alheios aos nossos desejos, nosso órgão involuntário e voluntarioso, e exatamente lá Ele tomou por Seu abrigo. E invariavelmente escapam de nossos lábios o que trazemos no peito.Por isso eu procuro evitar blasfemar, porque cada blasfêmia lançada ao vento profana um Templo que só tem a mim como guardiã.

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